Parceiros

quinta-feira, 23 de julho de 2009

BATE O BUMBO: ESCÂNDALO NA FLIP
Texto de Nei Duclós



O blog Efeito Colateral denuncia o confisco de livros de autores que tiveram a ousadia de vender seus exemplares nas ruas de Paraty na Flip deste ano (na foto, o poeta Pedro Tostes, de mão para trás, aguarda o termo de apreensão de 16 exemplares do seu livro de poemas). É o desmascaramento total de uma situação que o Diário da Fonte denunciou no ano passado. É a ditadura em ação. Confiscar livros é nazismo puro.

As vítimas ficaram surpresas com a argumentação: a Flip (Festa Literária Internacional de Paraty), oficialmente, dizem os organizadores, não é um evento "comercial", portanto é proibido vender livro na rua. Claro que não. Comércio é para pobre. A Flip é marketing, a nobre arte dos deuses do rabo preso. Corja. Sugiro o seguinte: na próxima Flip, os autores que vendem livros na rua (entre os quais me incluo, desde 1969) devem comparecer em massa no evento milionário, sustentado por dinheiro público. Essa falsa democracia, que eterniza privilégios, precisa ser combatida. É preciso derramar de verdade esse leite coalhado.

Não prometo comparecer. Aos 60, não disponho de condições cardiovasculares para peitar fiscal ao vivo (posso querer chutar a cara de uns e outros e isso não acabaria bem). Mas a mocidade (ah, que bela palavra, muito melhor do que juventude), mais determinada e estratégica, deve se organizar e fazer isso mesmo.

Em 1969, quando Marco Celso Viola, eu e outros autores fomos às ruas vender nossos livros mimeografados (bem antes da Geração Mimeógrafo carioca, viu professora Heloisa Buarque de Holanda!?) nunca ninguém nos confiscou livro nenhum. E isso que demos as maiores bandeiras, de calças surradas, cabelo comprido e coturnos, nas Praças da Alfândega, em Portinho, da República em Sampa e General Osório, no Rio. Costuma-se dizer: era o auge da ditadura. Vai ver o auge da ditadura é agora, quando todos acham que o regime é de liberdade. Estamos é tomando um solzinho no pátio do presídio.

postado por Nei 7/15/2009 Blog Outubro

4 comentários:

aapayés disse...

como pueden pasar esas cosas todavía..
Solidaridad siempre consecuente..
saludos fraternos con cariño
un abrazo

besos

Cynthia Lopes disse...

Sabia que poderia contar sempre com a sua solidariedade, Adolfo. Mas o importante é que não fique apenas na denúncia como também tenhamos, solidariedade entre nós e ATITUDE. bj

Renato Motta disse...

Cy
A ideia é vender as antologias que fazemos parte, nas belas ruas de Paraty?
Conta comigo!!! (hehehehe) Beijos

Cynthia Lopes disse...

Renato, é para botar o bloco dos autores independentes (!?), nas ruas de Paraty na próxima FLIP!!!!!
Ninguém num pode conosco! bjs