Parceiros

sábado, 31 de julho de 2010

Espera

Tela: Espera de SAID AHMADY





















noite longa... eu me pergunto
sobre o significado
do silêncio,
do tempo esquecido
na ampulheta.


brasas dormidas,
madrugadas insones,
ouvidos atentos
aos passos no corredor,
ao sons do elevador.


mais um dia cerra suas portas
e um outro começa.
somos distâncias e medos,
vidas pelo avesso,
longo intervalo de quatro tempos.


somos uma música
da qual ninguém se lembra.
e mesmo assim eu persisto,
porque depois de tudo
ainda há poesia,

vestígios, restos de estrelas,
ecos dos nossos sonhos,
o teu calor em mim,
esta longa noite...
e nada mais.






quarta-feira, 28 de julho de 2010

Dois contos de inverno

Foto: Gaspar de Jesus - Manhã de inverno














Traição

Ele a seguiu pelos becos escuros, úmidos e imundos das ruas da periferia. Uma chuva fina atravessava os poros do casaco ralo e o vento trazia o frio e o desconforto. Ele a viu entrar pela ruela estreita e sem saída. Por que se arriscar tanto? Esperou, e devagar se esgueirou para ouvir e ver o que acontecia. Lá estava ela, uma qualquer, jogada nos braços de outro. Nem um traço da mulher e mãe de família que ele acreditava conhecer. Para que continuar a ouvir e ver? Foi para casa, arrumou as malas dela, deixou na portaria, mudou a fechadura e nunca mais saiu de casa.

Ódio

Quando o pai foi embora, ele não disse adeus, disse até logo. Ele viajava muito, era jornalista e trabalhava com turismo, gente que escreve e dá dicas sobre lugares a conhecer, restaurantes, principais points, hotéis e tudo mais. Como sempre a menina ficava triste com sua partida, mas esperava alegre e ansiosa a volta do pai, com saudades do seu colo, das histórias que ele contava e dos presentes que sempre trazia para ela. Mas desta vez, ele não voltava, estava demorando demais, pela manhã, foi avisada por uma das amigas da mãe, que seu pai tinha sofrido um acidente, grave, estava morto, então, ela deveria ser forte e não chorar, para que a mamãe não ficasse triste.
Ele tinha sumido no mundo para sempre e a culpa, imaginou a menininha, só podia ser daquela mãe doente com a qual ela nem podia chorar!

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Diálogos

Oi Cynthia,
Nova+mente saudade de vc.
Bjus
Rogério Pimentel
http://zeladordolago.blogspot.com/
*******

Eu sei meu anjo, estou muito envolvida em pensamentos, mas isso não impede que lhe deseje um:


FELIZ DIA DO AMIGO!!!!!!!!!!!

BJS
Cynthia Lopes

*******

E por falar em EU o eu poético continua simbolista como os outros eus.
Se eu SEI o que sabemos agradeço ao plural de beijo.
Aqui em Sampa se diz ô MEU; e assim, assim lá no Amazonas é meuê-meuê.
Existiu um tempo no meu ANJO que pensei em colecionar asas egípcias.
,
Às vezes o interfone toca e alguém me pergunta: -Está aí? Lógico que ESTOU.
Letícia Horta, amiga de Belo Horizonte, compôs uma música que a letra diz: MUITO tenho para lhe dizer,
pois o amor em mim nasceu...
Agora é um sempre comprometido com a vida ENVOLVIDA.
EM blog me significa estar, suceder, fazer, anoitecer e amanhecer.
Nos meus PENSAMENTOS estou fazendo um acróstico para o seu e-mail.

MAS pode ser que eu esteja escrevendo um poema para você...
Por ISSO sinto desejos de te dar o pronome demonstrativo antes do pessoal.
Mas se me dizeres NÃO te falarei sim.
E o que IMPEDE a execução do talvez? Com certeza não é o presente do indicativo.
O QUE será?
Então LHE envio flores desenhadas nas minhas mãos.
Os tempos dos verbos fazem com que eu DESEJE a você UM

: eterno FELIZ (todo) DIA

DO AMIGO
Rogério Pimentel

*******

AMEI!
E tomo a liberdade de publicar nossos desejos de felizes dias eternos...
não há porque não dizer ou fazer algo que se queira muito, só por conta de uma distância artificial. Afinal, nada há de melhor do que dizer o que se pensa sem as censuras do ego.
Incrível como se pode escrever como quem toca jazz, um sobre a deixa do outro, pura música para meus ouvidos talvez, quem sabe, também para quem nos lê? Isto é um duo!
Há magia no que está escrito e assim pode ser lido e ouvido e dito em voz alta.
Quem pode nos dizer isto? Quem há de nos falar sobre o que aqui está escrito?
Talvez um poema, talvez uma resposta, uma simples coisa cheia de significados, mas com certeza uma comunicação para lá do que escrevemos um ao outro.

Estrelas brilham, você leu minha Estela? Quero muito sua opinião: o miniconto - no lusco fusco, experimente. bjs
Cynthia Lopes

terça-feira, 6 de julho de 2010

Clarice Lispector


















"Minha alma tem o imaterial peso da solidão
no meio dos outros.
E ninguém é eu.
E ninguém é você...
Esta é a solidão."