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domingo, 21 de outubro de 2007

DESEJO


Nesta noite insone e cheia,
detrás das portas fechadas,
ruelas e becos estreitos,
amantes trançam segredos.

Com o luar dos meus olhos
eu ilumino seu corpo.
As vestes pelo caminho,
o meu bailarino dança...

e os meus desejos desperta:
é a fonte do meu prazer,
gozo das minhas retinas,
meu total resplandecer!

(Publicado na Antologia de Poetas Contemporâneos nº 42 - CBJE)

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

TANGO ESPANHOL

Eis o que escrevo nesta madrugada
insone: um desabafo, meu noturno.
Eu aqui só e o sono(ingrato)me abandona.
Você lá com as moças de Espanha!

Eu e a noite patética do ciúme,
Você, o tango e as tais moças de Espanha.
Então, sobreveio o silêncio profundo:
De que amor estamos falando aqui?

Meu torto ciúme, de onde provém?
Você, os vinhos doces, tangos e moças?
Mas que amor é este frívolo e egoísta?

Vá! Que por minha vez, estou faminta,
preparada para alguém diferente,
um homem que conheça novas tintas,

- e não mais por você!

terça-feira, 16 de outubro de 2007

COPACABANA EM MIM

Vivo Copacabana todo tempo.
Mesmo quando eu aqui não estava.
Foi assim sempre, vida zona-sul,
pele morena, olhos verdes, curvas

que acompanhavam as do calçadão,
Copacabana! Copacabana!
Aqui, o primeiro banho de mar,
segura, às costas do pai que tive.

No meu território, Babilônia
urbana, das mais variadas tribos,
jovens, adolescentes em bandos,

pelas ruas, nos bares, festa profana.
O primeiro beijo, desejo, amor,
hormônios na praia, Copacabana!

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

ESTORVO

passou por mim.
estabanado, esbarrou no meu céu
derrubando estrelas.


(Publicado na Antologia de Poetas Contemporâneos nº 43 - CBJE)

terça-feira, 9 de outubro de 2007

MARINAS



Inspirada na obra de José Pancetti



Meus olhos se detém no mar da tela
de Pancetti.

Eu mesma, sinto-me como uma de
suas marinas.

Uma paisagem ampla, larga, profunda,
na diagonal marcante da vida.
As cores? Vibram na luz de um sol
intenso – luz dos dias na Bahia.

Na alegria cotidiana, simples,
do pescador.

Dividimos, eu e o pintor, a paixão
pelo mar.

Nos meus soltos versos, simplicidade;
na minha poesia cores solares,
o cheiro do mar por vezes, neblina,
vencida pelo prazer do trabalho

- e da rima!

MANIFESTO

Inspirada no movimento de arte coletiva

imagem e palavra
materialização do momento
legado coletivo
música, grafite, impressão,
lentes, filmes e curtas;
arte contemporânea, visão
de muitos, improviso,
consistência urbana, instantâneo.
todos – todas as expressões,
nos muitos espaços das cidades
diversidade plural
singularidade do indivíduo
uma nova tendência!

domingo, 7 de outubro de 2007

PRESENTE

Homenagem ao poeta Cairo Trindade

A você eu ofereço
estes meus versos ritmados,
suingados, bem-humorados,
cheios e safados versos,

dos prazeres animados
concebidos e sonhados.
Até que estes escorram
por meus dedos, por meus poros

sem esforço, bem de leve,
alegres, muito versáteis.
Que bebamos grandes goles
nesta fonte, mesma verve!

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

CONTRA

por Renato Motta


contra capa
capa contra
eis que não encontro
questão gramática
dramática...
contra capa
é junto ou separado?
matemática ou sintática?


Renato Motta é historiador e poeta,
arquivista e amigo.

Ao poeta - GENTILEZA

Amo palavras gentis:
- Gentileza, gentileza,
poeta da rua, andarilho,
vadio, de palavras soltas...

Essa poética urbana:
necessidade do amor,
total urgência da paz,
sem sutilezas, pretextos.

Merece aquela homenagem
quem, por tal delicadeza,
coloriu esta cidade.

Numa via cinza e feia,
com uma real gentileza.
Ao poeta, reverências!


(Publicado na Antologia de Poetas Contemporâneos nº 41 - CBJE)