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quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008
CRÔNICA SOBRE UMA GUERRA ANUNCIADA
O dia mal começa e eu já estou na batalha.
Antes do trabalho o consultório do dentista. O que para mim (como para a grande maioria das pessoas), é bastante desconfortável. Apenas uma porta me separa da cadeira de torturas inimagináveis e da sempre impressão esquisita de que todos os dentistas são sádicos! O que, claramente, não é real, apenas fruto do medo e da imaginação, sempre fértil.
Bem, como ia dizendo tentando não me concentrar no zumbido nojento daquele instrumento peculiar, provavelmente inventado no período da Inquisição, peguei uma revistinha para ler, sabe daquelas com muita foto e pouco conteúdo. Distraída li o seguinte título: “Como enlouquecer um homem”, hã... ambíguo título, afinal, por qualquer ângulo que você leia, não me parece uma tarefa muito difícil.
Interessadíssima fui investigar do que se tratava a tal matéria: cinco homens, claro, especialistas(?) em seu próprio universo dão dicas a nós mulheres (pobres de nós!) de como conquistar o tão cobiçado – MACHO.
Dei logo de cara com a seguinte frase: “Olhe no olho do adversário e diga: meu amor, depois de mim, o que será de você?. Homem se deslumbra com mulher que manda bem.” Lusa Silvestre (publicitário e editor da (1)Revista Criativa).
Alguém notou algo de estranho nesta citação? Ou sou eu a estranha?
Neste momento eu esqueci do dentista, do meu medo, do zunido do instrumento de tortura e me concentrei nas estranhezas que percebi.
Primeira, olho no olho do adversário, significa que estamos enfrentando um adversário, ou seja, um inimigo, um antagonista.
Segunda, meu amorrrrrrrrrrr... (me lembrou logo a caricatura do Clodovil no Pânico na TV!). Fora isso, depois de mim, o que será de você?. Criaturinha, você não notou que vivemos a partir do outro e não de nós mesmos? Com desprezo dizemos ao nosso opositor que ele não vive sem o jogo, a batalha, a contenda. Afirmamos que sem um o outro não é NADA.
Terceira e última observação: Homem se deslumbra com mulher que manda bem, o que em minha tradução livre significa: o inimigo rende-se ao seu algoz!
Interessante perceber que pessoas ainda querem, em pleno século XXI, uma relação entre desiguais, nenhuma solidariedade ou amizade ou amor.
É só abrirmos uma revista (feminina) para entendermos que os clichês servem mesmo para perpetuar uma história do século passado, a velha guerra (dos sexos) anunciada, agora, com prazer. No fundo é isso que desejamos? Anos de luta por igualdade jogados fora, numa ante-sala de dentista!
(1) Revista Criativa, agosto de 2006, edição 208.
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10 comentários:
Aí, meus queridos amigos e amigas, poetas, escritores, deste rincão ou de muito longe, essa é minha primeira crônica! Tomara que vcs gostem... enviem comentários e opiniões, ok? Muitos beijos e desde já meus agradecimentos especiais a todos!!!! Cynthia
Gracias me gusto mucho...
espero que siempre puedas acercarnos mas a ti... un abrazo
Eu que lhe agradeço meu amigo, seus comentários sempre me dão ânimo e vontade de escrever mais e melhor! Gracias
Eu odeio dentista!!!..rsrs
Estou aqui matando a saudade
beijo grande
Que bom, fadamiga, que meu blog deixa saudades! Bjs...
Muito bom, muito bom mesmo!!!
Aí Renato, finalmente veio fazer-me uma visita e deixou este comentário que eu, a-do-rei! Volte mais vezes, viu!
Um beijão
ying-yang
cuando existe respeto
las desigualdades
se ven como complementos
que fluyen
en una misma circunferencia...
un abrazo,amiga
:)
Sim, Tino, respeito é bom e todo mundo gosta, né!
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