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domingo, 23 de maio de 2010

No lusco-fusco


O tempo passava e Estela, a garçonete, cada vez mais sombria.
Um dia, tomando meu café habitual, pude vê-la chegar. Tinha um sorriso incomum
nos lábios, os cabelos estavam soltos e o seu perfume enchia o ar.
Ela foi direto falar com o gerente. Nem deu por mim, perplexo.
Não consegui ouvir o que diziam, mas, quando ela saiu pela porta
do bar, decidida, percebi que jamais voltaria a ver a sua estrela.

7 comentários:

Ricardo Kersting disse...

Vai ver ela ganhou na megasena acumulada, não mandou o gerente plantar batatas por educação talvez..
As garçonetes de um modo geral são...estranhas mesmo.
Beijos.

Cynthia Lopes disse...

Sabe, Ricardo, é engraçado, eu tenho carinho especial por este conto. Ele é fruto de observações que faço todos os dias sobre a rotina das mulheres, que vejo tanto no Centro do Rio de Janeiro, cheio de bares, botecos e lanchonetes, onde o pessoal do trabalho se reúne para o café da manhã ou o café da tarde. Quis dar a esta minha personagem um futuro diferente, quis que Estela entendesse sua estrela, que apesar de viver no lusco-fusco, lá no fundo, o brilho dela jamais se apagaria e só esperavo o momento em que decidida, mudasse o rumo de sua vida, para brilhar para todos.
Mas parece que ninguém compreendeu a dimensão da minha Estela, é isso aí...

Ana Echabe disse...

Oi Cynthia
adorei isso...
a momentos em que uma estrela se torna cadente só por falta de atenção, então sua saída se torna urgente, pra em outro lugar brilhar.
Tardio olhar quem um risco viu passar.
Bjinhos querida amiga.

Cynthia Lopes disse...

Aninha, só vc para ver além das aparências! bjs

Rogério Pimentel disse...

Estela me lembra Nilza. Mas a lembrança que tenho da Nilza não é sombria não.
Nilza era garçonete do boteco do Taquinho. O botequim era conhecido pela alcunha de Esgoto.
Sempre a olhava também. Só que ao invés de café eram a cerveja e a madrugada os nossos sorrisos comuns.
Entre boêmios, jornalistas, travestis, lésbicas, poetas soltos nos ares noturnos de Belo Horizonte Nilza exibia o seu corpo negro, seus movimentos estrelares e sua alma trepadeira.
Uma noite o Taquinho me disse: - A nossa Nilza tem mais de 31 amantes!
Confesso aqui no Lusco-fusco que a Estela me lembra de verdade a Nilza.
Quero rever uma delas sem apagar o brilho de ambas quando voar sobre o destino da outra.
Bjus pra ti Cynhia
Rogério Pimentel

Rogério Pimentel disse...

A garçonete Estela me lembra Nilza, uma garçonete um tanto maluca que trabalhava no boteco do Taquinho. A lembrança que Estela me fornece de Nilza não é sombria não. Sempre a olhava dos pés à cabeça. Ao invés de café a cerveja e a madrugada eram nossos sorrisos comuns. Entre boêmios, jornalistas, poetas soltos nas madrugadas belo-horizontinas Nilza exibia o seu corpo negro feito ébano, seus movimentos sensuais.
Certa vez me disseram: - A nossa Nilza não sairá nunca daqui!
Confesso no lusco-fusco que Estela me lembra de verdade a Nilza.
Quero conhecer uma e rever a outra sem apagar o brilho das duas quando voar sobre os destinos de ambas.
Bjus

Cynthia Lopes disse...

Publiquei as duas versões de sua opinião sobre o miniconto, Rogério. Há sutis diferenças. De qualquer forma, é bom lembrar que a Estela escolhe brilhar, sempre!
bjs